domingo, 6 de julho de 2008

Simetrias tropicais










Claude Lévi-Strauss fez interessantes observações sobre os jogos de simetria assimétrica das pinturas faciais dos índios Caduveo, que comparou à estética das cartas de jogar.

"Seus rostos (das mulheres caduveo), às vezes seus corpos inteiros, sãocobertos por um trançado de arabescos assimétricos que alternam commotivos de subtil geometria." TT, p. 173

Num curioso exercício de simetria poética, Lévi-Strauss observou os paralelismos entre a sua vida e de um outro explorador do Brasil, Jean de Léry.

Criações do espírito? Sem dúvida.

Permitam-me a liberdade de um exercício semelhante:

Nasci quando o nosso antropólogo escrevia os seus míticos Tristes Trópicos. Pergunto-me, às vezes, que parte exacta do livro teria sido escrita nesse 27 de Dezembro de 1954...
Li, pela primeira vez, os TT, em 1986, ano da primeira edição portuguesa. Estava eu, nesse ano, a dar os meus primeiros passos, inseguros e sonhadores, na carreira que escolhi: a arqueologia.
Li os TT ainda convencido - santa ingenuidade - que um curso de Arqueologia tinha necessariamente que ter alguma formação em Antropologia. Cedo viria a descobrir que, nesse país cada vez mais surrealista, isso estava fora de questão.

Senti, finalmente, um impulso irresistível para regressar às origens, passados mais de vinte anos: chego à Amazónia no ano em que o mundo se prepara para comemorar o centenário do Mestre.
Simetrias? Pois, mas assimétricas...

1 comentário:

Patrícia Bruno disse...

pois, simetrias assimétricas...

http://pbruno.wordpress.com/2008/07/28/evora/

(em Évora, na Rua da Corredoura)