sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pedras e calendários 2

Em Portugal, a possibilidade de uma relação entre o número de menires, nos recintos megalíticos, e notações calendáricas, não foi, até agora, encarada pela investigação arqueoastronómica (exceptuando a proposta do Prof. Marciano da Silva, para o monumento dos Almendres).

Na verdade, essa omissão prende-se sobretudo com questões epistemológicas: o grau de conservação da quase totalidade dos recintos não recomenda efectivamente esse tipo de conjecturas.

A excepção mais significativa diz respeito ao recinto de Vale d'El Rei; com efeito, tudo aponta, neste caso, para uma preservação integral do conjunto, apesar dos danos ocorridos, no início dos anos 80 do sec. XX (Calado, 2005: 76).

A possibilidade de os 12 menires corresponderem à representação dos 12 meses de um calendário luni-solar, deve, naturalmente, colocar-se; a descoberta (ainda não confirmada cabalmente) de um 13º menir, no interior do recinto, aquando da reposição mecânica das terras escavadas, no contexto do restauro do recinto, pode, por outro lado, ajustar-se á questão da efectiva da não coincidência entre o ciclo solar (anual) e os ciclos lunares (mensais). Esse possível menir, vislumbrado apenas, no interior do recinto, corresponderia, eventualmente, ao mês intercalar de algumas soluções calendáricas luni-solares.















Com muito menos segurança (atendendo ao catastrófico estado de conservação do monumento) poderíamos ainda incluir na mesma categoria o recinto do Monte da Ribeira (em Reguengos de Monsaraz), de que existem igualmente 12 menires.




Recinto megalítico do Monte da Ribeira, no seu estado actual
Por outro lado, o recinto megalítico do Xarez, cuja fisionomia actual se deve (não sabemos, efectivamente, em que medida) a José Pires Gonçalves, apresenta uma planta particularmente sugestiva, na perspectiva em que aqui nos colocamos: trata-se de um quadrado com 52 menires, 13 em cada um dos lados...









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